quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Incertezas


Faço-me só
nesta vida que balança ao vento
lânguida ressono.
Foge-me aos olhos
encontrou-me entre o alfa e o ômega de mim.

Amanheço carregando desequilíbrio
em meu ócio oco, vazio.
As nuvens escaparam-me das mãos,
eu que tinha tudo, sabia das coisas,
mundo feliz e aconchegante,
hoje só inquietude.

Mastigando torradas
sinto o gosto do que se foi,
mais um gole de café,
café pequeno para tanto sono.

Os raios traçaram os passos,
rasgaram o firmamento de cima a baixo
como estrias anunciando o nascer de um novo dia,
dia de dar graças
pelas lágrimas doces que fecundam o chão.

O leito suspenso
em sua cadência própria,
leva meus sonhos,
traz meu chão.
As folhas desenham caminhos para os meus pés,
conhecia as ruas, todos os becos de mim,
aguardo o outono para poder ir.

O ser anoitece,
olhos brilhantes flertam comigo,
tão belos olhos, quero ir até ele,
mistério e desejo negro(...)

Espalhar-se pela casa,
apagar a luz,
mergulhar no movimento do sonho,
espaço que trará de volta,
os devaneios de outrora,
as coisas que eu sabia.
A seta cruza os ares
encontrando aconchego em meu peito.
O que fizemos? (18.11.98)